Ôh Celle

 Minha irmã caçula morou comigo durante muitos anos, enquanto estudava Direito, contudo, no quarto ano do curso ela decidiu que não era a carreira que ela queira para a vida dela e dois anos depois foi aprovada em uma federal para o curso de psicologia. Entre todos estes acontecimentos ela voltou para nossa cidade natal e um ano depois eu também retornei e passamos a morar juntas. Agora as universidades voltaram as aulas presenciais e ela teve que se mudar pra a cidade onde fica a universidade para dar seguimento a sua graduação, ela está animadíssima e ralando muito, estudando bastante, estou muito feliz por ela. Todavia, estou tendo muita dificuldade de mais uma vez ficar sozinha, éramos nós duas para tudo, já estávamos habituadas uma a outra, está sendo muito difícil para mim, quando o relógio marca 20:00h já estou louca para me deitar, não por cansaço mas para que o dia termine logo. Estou vivendo uns sentimentos confusos, estou com medo de recair para o polo depressivo novamente.

Outro dia eu estava assistindo a um podcast no youtube, no qual um psiquiatra esta falando sobre transtorno afetivo bipolar Recebi o diagnóstico destes transtorno há um ano e desde então vivo uma montanha russa, tendo muita dificuldade de aceitar o diagnóstico Mas esta jornada de aceitação irei deixar para outros textos, reservados só para este tema Com a finalidade de entender melhor este transtorno eu comprei o livro "Aprendendo a Viver como Transtorno Bipolar", que traz muitas informações sobre o tratamento, a aceitação, os medicamentos, as terapias, o estilo de vida necessário para se ter estabilidade emocional. O psiquiatra que estava no podcast que falei "a deriva podcast" é o Dr. Renato, após este podcast resolvi criar um instagram para conseguir acompanhar as publicações do Dr. Renato, que diariamente passa muitas informações sobre o TAB, tira duvidas e ensina quais as melhores estratégias para se adquirir estabilidade e remissão dos sintomas deste transtorn

 Estou numa fase de bastante energia. Ainda não compreendi se essa fase é minha personalidade ou se é mania ou hipomania, que são fases de enfermidade da bipolaridade. Estou mais falante, conseguindo dialogar com as pessoas, o pensamento não estar acelerado demais a ponto de me deixar eufórica demais, mas ainda não sinto como se fosse uma aceleração normal, reajo as coisas de modo que para mim ainda não sinto naturalidade. Espero aos poucos conseguir entender o que essa fase significa, estou construindo meu autoconhecimento.

 Eu estou fazendo um curso online de inovação em uma boa instituição de ensino O curso é de transformação digital para pequenas empresas, um curso gratuíto oferecido pela Instituição Demócrito Rocha Soube deste curso ao ver um vídeo no youtube em um canal que sempre avisa às pessoas que estão por lá de boas, vendo podcasts e vídeos de stand up, como eu, quando algum curso online e gratuíto é disponibilizado Quando estou em episódios depressivos, que particularmente são bem severos, eu não consigo sequer raciocionar bem, meu pensamento fica lento, já cheguei a ter sintomas psicóticos e a ficar de cama por 4 dias, sem comer e beber água É o extremo, de não ter energia sequer para sair da cama, a ideação suícida toma conta de tudo, eu que geralmente sou era a primeira da turma em todas as classes, que começou a trabalhar aos 14 anos para ajudar a família, fico vegetando em cima da cama por estar deprimida demais sequer para conseguir pensar com clareza Admitir ter uma doença mental e, até

Hoje me levante, era cedo. Só de conseguir me levantar sem cogitar que seria mais fácil correr um maratona já foi um grande avanço Coisas produtivas, fui útil para eu mesma Para variar hoje consegui não me sabotar Eu li, cozinhei, assisti a um podcast Fui tão legal comigo que comecei a me perguntar se estou em mania, hipomania ou se esta é minha personalidade real Queria que a Celle de hoje fosse a Celle de verdade, mas qual será a Celle de verdade!?

 Em março de 2020 tive um surto, fiquei um mês de cama, no qual ficava dias sem comer, dias sem tomar banho e dias sem dormir, na iminência de atentar contra minha própria vida, me vi obrigada a ceder, a procurar ajuda psiquiátrica. Há muitos anos eu já era uma pessoa extremamente depressiva, desde a adolescência, mas nunca me resignei a nenhum tratamento, por falta de condições financeiras e por ignorância, preconceito, medo, etc. Eu sempre tive muito preconceito em me submeter a qualquer tratamento psiquiátrico e psicológico. Sou e sempre fui pobre, mas considerava meu intelecto a única posse que eu tinha, a única coisa que eu poderia confiar e que poderia me fazer melhor de vida Quando falo de intelecto, isto engloba tanto a minha inteligência quanto à minha estabilidade mental, intigencia esta que sempre me fez ser a primeira da turma em todas as escolas que estudei, a conseguir bolsas em cursos, e isso criou em mim a esperança de ter esta inteligência como instrumento para mudar a

Nasceu rápido, um susto, uma correria, alguns gritos, pulmões cheios, vida! Um presente repentino, uma surpresa, um susto, temor, tristeza, alegria, era minha incumbência sua guarda e proteção. Olhei-a, vi olhos grandes, pele pálida coberta de placenta, esperteza e espanto, um mundo novo se abria aos seus olhos, lúgubre sensação, senti mais uma vez, entre milhões de vezes, a vida. Naquele hospital comum via diversos outros como eu, portando suas armas de amor e perseverança, vi dor e perda, despedidas e medo, vi outros diferentes de mim levando e não trazendo, um lugar de vida e de morte. Fiquei de guarda, um suspiro meu, um dia dela, o tempo é relativo, a humanidade flui se inicia e desaparece, se reconstrói sob a observação dos meus olhos, vidas e mortes, sou guardião da vida. Desta vez guardo ela, um ser comum como tantos outros que já guardei, nada de tão especial, singular como os outros, mas comum em suas características como as Lúcias, Vanessas, Mohammeds, Joãos, Eustáquios, Mar