Postagens

Mostrando postagens de abril, 2021

#DIÁRIO: Caminhando na Direção Contrária

Imagem
Eu estava mergulhada em um mar de desesperança, com a ilusão de que poderia ter algum controle sobre o mundo a minha volta, sob as influências que este mundo teria sobre mim, mas não existe controle. O maior controle que existe é o reconhecimento de que não temos controle. Eu estava me afogando nos sentimentos de frustração que tive ao perceber que sou alguém ordinariamente comum. O desespero tomou conta da minha alma, afogada no meu passado, restou-me somente o medo, a dor, os traumas. Já estava entregue, parecia que meus pulmões já estavam cheios de água até que estava ressurgindo na superfície do mar, percebi que estava nadando? Não, estava sendo salva por uma mão invisível de misericórdia.  Cheguei à praia, o som retumbante dos meus próprios pensamentos de incredulidade surgiram e mais uma vez me afastei, caminhando na direção contrária às pegadas de alguém invisível, mas presente, onipresente, que pareciam fazer uma trilha para que eu pudesse me guiar, me perdi. Eu estava destroça

#DIÁRIO: Retorno ao Pai

Imagem
Deus me perdoe por ter deixado o som do meu medo, desespero e fraquezas soarem tão mais alto em mim por tanto tempo a ponto de tornar sua voz quase inaudível. Eu estava caindo de um prédio em chamas e no horizonte vi a luz de sua misericórdia ofuscar minha visão, em meio ao desespero da queda iminente senti seu sopro tocar minha pele e arrepiar minha alma, não cai no chão por você fui aparada e amparada. Como se nem um dia tivesse se passado você me aceitou novamente em sua casa, despedaçada, partida, com dúvidas, com medo. Agora sua voz soa tão alto em mim que acabou por ofuscar toda a minha inadequação, seu amor me fez me amar, amo. Você me fez me sentir gente, humana, minha única certeza é você, Deus! Célle de Lima

#DIÁRIO: O Luto

Imagem
Aquela dor vívida, desesperadora, uma dor tão sentimental que a sentimos fisicamente, dilacerante. Restam somente lembranças de uma época que não volta mais, de acontecimentos cotidianos que não demos muita atenção no momento em que vivemos. Um cheiro da pessoa amada, a textura da pele, dos cabelos, a sensação de um tocar de mãos, de um abraço. O soar da voz da pessoa amada em contato com nossos ouvidos, os calos e a pele das mãos ao tocarem a nossa. O sabor da comida predileta da pessoa perdida, o tom, as nuances da face. O jeito, as roupas, o vocabulário, tudo que identificamos em outras pessoas nos fazem recordar, a saudade toca a alma, as lágrimas tocam o nosso rosto, o coração enche de ternura, depois de magoa pelo que não foi vivido, por fim, de saudade pura e simples, de tudo, até do que não percebemos, até do que foi ruim. Memórias de um amor que suplanta as tessituras dos gênios e se assenta no sonho de um possível reencontro, o luto.  Célle de Lima (texto em homenagem à meu a

EU ESTIVE EM COMA POR MUITO TEMPO

Imagem
Agora estou acordada ou estou em sono leve, mas penso, até quando? Pois eu estive em coma por muito tempo. Vivi minha vida como se cada suspiro fosse uma maratona, buscava realizar sonhos gigantescos, irrealizáveis, porém nunca acreditei em utopias. Realizei! Após essa guerra insana e incessante por coisas pequenas, mas para mim gigantescas ficou o vazio. Sem propósito, sem fé em nada, sem perspectivas. Eu acreditava que se estudasse o máximo possível poderia mudar a vida da minha família. Durante toda a minha adolescência vaguei pela vida perseguindo este sonho que a forma de romper um ciclo familiar de hipossuficiência, fui mais mãe do filha e irmã. Contudo, estudar não é tudo, a jornada é muito mais longa, as dificuldades são muito mais severas. Não existe controle no mundo, minha vida não está totalmente sob meu controle, pois dependo do outro (do próximo), de oportunidades, de resoluções, de uma escuta empática, de um abraço sincero, de um amor verdadeiro, de interesses genuinamen