#DIÁRIO: Caminhando na Direção Contrária

Eu estava mergulhada em um mar de desesperança, com a ilusão de que poderia ter algum controle sobre o mundo a minha volta, sob as influências que este mundo teria sobre mim, mas não existe controle.
O maior controle que existe é o reconhecimento de que não temos controle.
Eu estava me afogando nos sentimentos de frustração que tive ao perceber que sou alguém ordinariamente comum.
O desespero tomou conta da minha alma, afogada no meu passado, restou-me somente o medo, a dor, os traumas.
Já estava entregue, parecia que meus pulmões já estavam cheios de água até que estava ressurgindo na superfície do mar, percebi que estava nadando? Não, estava sendo salva por uma mão invisível de misericórdia. 
Cheguei à praia, o som retumbante dos meus próprios pensamentos de incredulidade surgiram e mais uma vez me afastei, caminhando na direção contrária às pegadas de alguém invisível, mas presente, onipresente, que pareciam fazer uma trilha para que eu pudesse me guiar, me perdi.
Eu estava destroçada emocionalmente pelo meu temor, lutei ferozmente contra mim mesma, perdi.
Cai de joelhos e mais uma vez uma mão se estendeu diante de mim, uma voz suave, forte, alentadora ecoava na minha mente: "você não está sozinha", mas vozes do ódio e do ressentimento estavam tão altas que a voz suave de Deus parecia um sussurro.
Minha alma estava putrefeita como a alma de alguém que nunca se amou poderia estar, se alimentando de um mundo caótico, sujo, desumano, me tornei meu próprio lobo.
Eu estava quase morta, então a voz gritou: "Eu estou aqui, Eu te amo, te aceito, vinde até mim".
A dor era tão dilacerante que a única coisa que consegui dizer foi "me ajude". Este sentimento de ser amada por uma voz, por uma aura que me salvou de me afogar no ressentimento e frustração, de uma queda no precipício do desespero, arrancou tantas lágrimas de mim que parecia estar lavando minha alma. 
Célle de Lima


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