Eu Pude Tocá-los!

Ontem foi dia 20 de novembro.
E digo a você que foi um dia memorável para mim.
Foi o dia da Consciência Negra, dia de Zumbi, dia de todos nós.
Mas o meu regozijo não aliasse a isso.
Aliasse ao fato de eu ter vivido, em sala de aula, o dia mais consciente racialmente de toda a minha vida em sociedade.
Ontem houveram tentativas de deslegitimar a Consciência Negra e a luta preta por direitos, assim como ocorre todos os dias.
Logo quando entrei no prédio onde são ministradas as aulas deparei-me com diversos 'banners' contendo charges sobre o racismo, consciência negra, seus efeitos e estereótipos, demorei cerca de 15 minutos só para ver um por um deles, este foi o atraso mais prazeroso de toda a minha vida.
Ontem foi um dia comum, um dia como qualquer outro, mas mesmo assim foi um dia inesquecível, pois vi minha professora propositalmente lecionar sobre os "Crimes de Discriminação na legislação brasileira", e digo que em 16 anos de assiduidade escolar eu nunca havia vivido um dia como ontem.
Havia poucas pessoas na sala o que corriqueiramente ocorre em dias de jogo de futebol, mas isso não diminuiu a minha amabilidade e satisfação diante de discussão tão profícua.
Em meio a conceituações sobre o que é discriminação, preconceito, racismo, injuria racial nas legislações brasileiras houveram as 'frases feitas' desferidas à décadas, elas foram repetidas, frases contrarias à todo o exposto, mas felizmente houveram argumentos que demonstraram sua inverdade, sua primariedade, falta de embassamento, oportunismo... Foram umas infinidades de palavras a maioria delas resmungos sobre democracia racial, vitimização, diante das mesmas 'frases feitas' de sempre e sem nenhum embasamento apenas 'senso comum'.
Autores, livros, argumentos vagavam pelo ar daquela sala como se estivessem fisicamente presentes naquele espaço, eu pude tocá-los!
Várias foram às lições que pude tirar de tudo isso, uma delas é a sobre a importância da discussão, da representatividade, outra é que eu ainda posso me surpreender com as pessoas e suas atitudes sejam negativas ou positivas.
A menos importante e talvez a de mais fácil detecção foi que: "os piores cegos são aqueles que não querem enxergar" seja por puro oportunismo ou por ignorância, mesmo diante de argumentos fundamentados estatísticos, infelizmente um corpo negro se afirmando enquanto negro e exigindo, eu disse exigindo, seus direitos ainda gera medo e as vezes até ódio.

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