Afromulherice: uma história sobre autoestima


Eu nunca tive autoestima
Juntam-se os fatos de eu ser muito tímida, com o fato de eu ser preta, de eu gostar de coisas que as pessoas que eu convivi por toda minha vida não gostam, de eu querer coisas que estão longe demais para serem alcançadas, de eu ser sempre a segunda opção mesmo quando racionalmente tenho potencial para ser a primeira, etc., que já temos a receita da bomba relógio da falta de aceitação.
Eu nunca odiei minha cor nem o meu cabelo (exceto na pré e adolescência), mas eu odiava o fato de ser muito estranha, de nunca conseguir me encaixar, de nunca consegui me entender, das pessoas não compreenderem meu jeito super estranho de demonstrar afeto, dos meus defeitos serem tão grandes, tão complicados, etc.
Pra completar em março eu raspei minha cabeça pq é isso que eu faço, eu simplesmente pensei que seria algo legal e em cinco minutos meu cabelo estava todo no chão da casa, foi interessante ter a certeza de que o cabelo era um aspecto tão importante para as pessoas, que meu cabelo compunha um fetiche que aliado a minha cor e a alguns atributos de mulata me faziam desejável de um jeito superficial e humilhante.
Foi duro me sentir tão leve e tão pesada ao mesmo tempo, ter querido deixar meu cabelo crescer por tantas vezes somente pq as pessoas acham ele mais bonito grande e, consequentemente, minha falta de autoestima me leva a buscá-lo grande.
O cabelo dessa foto é o meu jeito preferido de cabelo, eu olho para essa foto e me senti tão estranha pq poucas vezes eu me senti gente na minha vida, menos vezes ainda eu me senti bonita.
Agora eu começo a me sentir uma pessoa, um indivíduo, nessa carcaça que não é suficiente para quase ninguém, mas que estou aprendendo a amar um pouquinho mais a cada dia.
Estou aprendendo a ter autoestima 

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